quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Why? – Melanie C

Na noite anterior, ao deitar a cabeça no travesseiro, uma lágrima escorreu pelo canto do olho. Ela fechou seus olhos e deixou que várias outras escorressem até seu travesseiro! Era um choro silencioso e doido. Ela ainda ficou ali deitada mais um pouco até suas lágrimas secarem e se levantou para ir ao banheiro.

De frente para o espelho, a única coisa que ela pensava era: Por quê? Por que não eu? Por que todas essas lágrimas? Por que tanto sofrimento? Por quê?

Seus pensamentos voaram para longe. Ela pensou que talvez arrumar suas coisas e sair sem rumo pelo mundo fosse a melhor coisa a se fazer e mais uma vez se fez várias perguntas: Por quê? Pra que? Por quem?

Sair pelo mundo ia diminuir a dor de não ser escolhida pra estar ao lado da pessoa que se está apaixonada? Correr sem rumo nos leva ao ponto que queremos chegar?

No relógio, as horas não paravam e pela janela ela pode perceber que o dia clareava e ela nem tinha conseguido tirar um cochilo que fosse e não ia aguentar o dia seguinte. Todas as perguntas de: “Está tudo bem?” “Que cara é essa?” “Nossa, parece que você nem dormiu!” Só de imaginar as pessoas indo falar com ela, o calafrio era inevitável. Pelo celular mandou um e-mail para seu chefe inventando qualquer coisa. Sua tristeza é maior que qualquer coisa naquele momento!

Sentada na cama, suas lagrimas voltaram a lavar seu rosto e a molhar a camiseta velha e surrada que usava pra dormir. Apoiada em suas mãos, se perguntava de onde vinham tantas lágrimas e lembrou que uma vez ouviu que o tamanho da nossa tristeza é o mesmo tamanho de nossa alegria. Enxugando suas lágrimas começou a se lembrar do quanto foi feliz. Lembrou-se de todas as suas risadas, momentos, carinhos, cafunés, beijos, desejos, cheiros, piadas, almoços e tudo o que fazia seu coração bater mais rápido.

Aquele meio sorriso que estava aparecendo trouxe também a tristeza de saber que tudo aquilo só tinha sido vivido por ela. Apenas seu coração batia mais rápido com tudo aquilo. Apenas ela sentia como se borboletas tivessem invadido sua barriga. Apenas ela contava no relógio os segundos para poder estar junto dele de novo. Apenas ela faria qualquer coisa para estar junto a ele. Apenas ela.

O choro de tristeza se transformou em um choro de decepção. Pra ela, era como se em momento algum tivesse conseguido ser mulher suficiente para que ele a visse como uma mulher de verdade. Ela se sentia perdedora. Não tinha conseguido fazer com ele a olhasse. Não tinha conseguido fazer com ele se apaixonasse. Não tinha sido a escolhida pra ser a mulher, a companheira, a amante...

Em meio a lágrimas e pensamentos, ela voltou a deitar. Olhando para o teto acabou adormecendo. Não sabia que horas. Não lembrava se demorou a dormir ou se capotou em seguida. Não sabia se dormiu chorando ou sorrindo. A única certeza é que não ia mais acordar. Seu sono foi eterno e seus sonhos finitos. Um dia, quem sabe, ela teria outra chance de voltar e tentar fazer tudo diferente.


"Why am I crying over you?
Whay? Cos there's nothing else that I can do"

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Cazuza – Codinome beija-flor


Naquela manhã, ele acordou com uma dor de cabeça quase insuportável. Se levantou foi ao banheiro e quase vomitou! Lembrou que não estava em casa! (que vergonha!) Pegou uma aspirina e tomou a seco! (talvez faça efeito mais rápido!)

Voltou pra cama e tentou dormir mais um pouco quando veio o primeiro flash! Seus olhos abriram esbugalhados! Não! O que aconteceu não foi um pesadelo! Foi verdade!

Seus olhos se encheram de lágrimas e a cabeça que doía, ameaçava explodir! Enquanto ele se esforçava pra lembrar detalhes da noite, alguém se mexia na cama. Sem olhar pro lado, seu pé foi atrás da outra pessoa. Pé com pé e a interrogação de “Sai!”, o fizeram tremer. Ele realmente tinha que sair dali!

Não demorou muito pra ele se levantar, procurar as meias, pegar suas coisas e ir embora! Tudo tinha acontecido de verdade, mas o que exatamente? Como? De que maneira?

Viram algumas lembranças: O outro, o beijo, a pista, outro beijo, vários beijos, mais um tequila, uma cerveja, pista, a ida até o amigo, um apagão, a saída da balada sozinho, o telefone tocando, um apagão, o taxi, outro apagão e ele acordando com a dor de cabeça!

Depois vieram as mensagens! Por celular ele tentava captar, pelas trocas de mensagem, o que exatamente aconteceu, mas sem sucesso!

A vergonha se abateu de uma maneira inimaginável! Não lembrar do que fez e de como fez era a pior coisa que poderia acontecer!

Queria poder voltar no tempo, apagar o que aconteceu, desistir de ter saído de casa, de ter insistido tanto.

Eles tentaram, na noite seguinte foram gentis um com o outro, mas no dia seguinte, um abismo entre os dois se abri e o melhor a fazer e vê-lo seguir seu caminho! Nesse momento, não há espaço para os dois naquela estrada! Cada um vai ter que seguir o seu caminho sem olhar pra trás!

As duas estradas são divididas por uma porção de morros. A paisagem não é a melhor que ele já viu, mas é a única que o cerca! Nem se passou tanto tempo desde aquele dia fatídico, mas parece que tudo aconteceu a semanas. Só com dois dias e a saudade já é de 2 meses!

Enquanto ele não sabe o que o outro pensa, torce para que um dia,as estradas se cruzem e ele possa ser perdoado e então, como bons amigos que ficaram longe por um tempo, possam se abraçar. Até lá, vai caminhando pela estrada tentando reencontrar pessoas que ele a um tempo não via!

"Eu protegi teu nome por amor,
em um codinome beija-flor..."

terça-feira, 22 de abril de 2014

Destinos - Sandy & Júnior

Carla estava se sentindo super triste naquele dia. Os pensamentos estavam longe, o coração estava apertado, nada a animava. O filme na TV estava chato, a música desanimada, a internet um porre. Nem conversar com os amigos estava valendo a pena. Todos os seus pensamentos estavam a metros de distância.

A vontade dela era simplesmente arrumar as malas, correr para o aeroporto e pegar o primeiro voo pro primeiro lugar que aparecesse e ficar por lá tempo suficiente para que todas as pessoas do mundo esquecessem de sua existência. Ela queria fugir de tudo e de todos. Queria tentar recomeçar, só não sabia o que recomeçar. Ela tinha certeza que mesmo entrando em um avião qualquer e chegando a uma cidade diferente, todos os seus sentimentos iriam embarcar com ela e viveriam com ela mais um bom tempo.

O celular tocou e após ler a mensagem, a decisão foi tomada. Mudou de emprego, mudou o cabelo, fez tatuagem, colocou piercing, procurou outro apartamento e trocou de carro. Alguns dias depois já começou a se sentir diferente. Já se sentia outra pessoa. Se sentia um pouco mais viva. Tudo isso se transformou em motivação para mudar ainda mais... queria mudar mais. Precisava.

Dois anos depois, Carla desembarcava em Porto Alegre. Seu novo endereço era bem próximo ao centro da cidade. Fácil de chegar a qualquer lugar. Abriu a mala, trocou sua roupa e foi resolver algumas coisas antes de começar a trabalhar.

Caminhou pela cidade pra comprar tudo novo. Sofá, mesa, geladeira, fogão, cama, tudo! TUDO NOVO. Não queria nada que fosse parecido com o que tinha em seu apartamento em São Paulo. Aquela vida tinha ficado pra trás.

Saindo da loja, parou para comer. Estava cansada e faminta. Só pensava em comer alguma coisa, chegar em casa e se jogar no colchonete que tinha acabado de comprar e seria sua cama até que todos os móveis fossem entregues.

Um sanduiche de frango e um suco de laranja. O cansaço era tanto que não conseguia comer. Metade do sanduiche foi embalado pra viagem. Ufa! Ela pensou. Agora é só ir pra casa dormir.

Na esquina da lanchonete, em frente a um hotel, um carro para. 
Carla paga a conta e sai toda atrapalhada carregando sua cama provisória. 
O motorista do carro retira do porta-malas sua bagagem e o fecha. Carla atravessa a rua. 
O motorista dá a volta no carro e entrega a chave para o manobrista do hotel. 
Carla para pra arrumar o colchonete debaixo do braço. 
O Motorista pega a sua mala e se fira para a rua. 
Carla termina de se arrumar. Está pronta pra ir pra casa. 
O Motorista olha pra Carla e fica paralisado. 
Carla, muito sem querer olha para a porta do hotel. 
O colchão cai no meio da rua. 
Os dois se olham. 
Carla reconhece Paulo. É ele! É ele sim! 
Paulo abaixa o rosto e olha fixamente para o chão. 
Carla pega o colchonete do chão e deixa uma lágrima cair do seu rosto. 
Paulo entra no hotel sem tirar o olhar do chão. 
Carla corre pra casa, se troca, coloca o colchonete no chão, deita e deixar que suas lágrimas lavem seu rosto.

De repente uma saudade absurda invadiu seu coração. Ele estava na cidade! Muito perto dela. Por favor, Deus. De novo não!


"Recomeçar, depois de um tempo tão longe 
Quero ter você perto de mim"

quarta-feira, 2 de abril de 2014

I Remember – Damien Rice

Paula tinha acordado pensativa naquele dia. O vento na rua, estava frio. A almoço, sem gosto. O café parecia sair gelado da máquina no corredor do escritório. Aquele, definitivamente, não estava sendo um bom dia.

No meio da tarde, inventou uma visita a um cliente, deligou o computador, pegou sua bolsa e foi embora. No carro, deu uma olhada em seus e-mails, respondeu os que achava mais urgente. O resto fica pra amanhã. A falta de transito do meio da tarde, fez ela chegar muito rápido ao parque. Queria sentar debaixo de uma árvore e sentir o vento do outono em seu rosto.

É incrível a quantidade de pais e filhos no parque as quatro da tarde. Eles não trabalham? São todos ricos? Queria ter um livro aqui. Não! Melhor não! Acho que eu acabaria dormindo. Se bem que um cochilo no parque não seria nada mau. Calma Paula, não dá! Aqui é Brasil gatinha. É só você fechar os olhos, passa um moleque e leva a chave do seu carro. Fica aí sentada vendo a vida passar.

Eu devia ter trazido um livro. Ou o iPod. É! O iPod seria a melhor opção. Ouvir uma música agora seria ótimo. Se bem que o meu iPod está no carro. É só levantar e ir lá pegar. Ah, e a preguiça, onde fica? Paula, por favor, levanta agora e vai lá no seu carro pegar o seu iPod.

Melhor eu colocar o sapato. Tem muita pedra nesse chão. Mas gente, onde eu coloquei esse carro? No Japão? Ah, tá ali. Eeeei, aquele carinha ali não é o... não não é! O Marcelo é mais alto. Eu acho. Nossa Paula. Você pirou, né? Olha essa cara. Nada a ver com o Marcelo.

Cadê esse iPod? Eu tenho a certeza que coloquei no porta luvas. Será que tá na bolsa? Carteira, conta, batton, documento do carro, escova, espelho, guarda-chuva, papel, papel, mais papel. Paula, você precisa limpar essa bolsa. Pra que tanto papel? IPod! Achei! Nossa... já tava começando a pensar que tivesse perdido. Ou pior, que tivesse deixado no escritório.

Mas de longe esse cara lembra muito o Marcelo. Só que mais baixo. Esse cara tem o que? O meu tamanho? Afff... baixinho! O Marcelo era maior que eu. E tinha um sorriso. Nossa! Que sorriso..... Ai meu lábio. Acho que mordi forte de mais. Mas vem cá, tá pensando no Marcelo porque, hein? Tá louca? Pode parar.

Oi moça, me vê uma água de coco, por favor? Hummm... pode ser a garrafinha média. Cinco reais? Peraí... eu tenho trocado. Só preciso achar. Ah, tá aqui! Obrigado. Pra você também. Boa tarde.

Onde eu tava mesmo? Ah, preciso ligar o iPod. De que adianta procurar o iPod igual uma maluca e não ouvir nada. E agora... Madonna, não. George Michael, não. Cher, não. Michael Jackson, não. Caracas, vamos atualizar essas músicas, filha? Nacional. Caetano, não. Chico, não, Gal, não. Bethânia, não. Xuxa... XUXA, PAULA, VOCÊ TEM XUXA NO SEU IPOD? Damien Rice... é pode ser. Faz tempo.

Nossa. Eu que apresentei Damien Rice pro Marcelo. Caraca. Meu, como pode uma pessoa assistir “Closer” e não gostar do filme? Bom, ele é homem, hétero. Mas calma, homens héteros, gostam de Closer, não? Será? Bom, mas ele gostou da trilha. É... Damien Rice.  Ele tinha acabado de sair do banho quando estava começando o filme da TV e depois do filme... ah, depois do filme...  Acho que aquela foi a nossa melhor noite.

Eu fui muito ingênua quando achei que o Marcelo não fosse conseguir viver comigo ao smeu lado. Já sei que ele está junto com outra pessoa. Hã. Você é do mundo, né? Nunca foi meu de verdade. A gente só passou de um momento. Eu devia ter desconfiado disso com todas aquelas conversas. Bom, eu tô bem também. Não tanto quanto você, confesso, mas tô bem!

Tá ficando mais frio, eu acho. Bom, já andei demais pra voltar até o carro e pegar uma blusa. E nem precisa, né? Daqui a pouco vou embora. Olha que bebê mais fofo! Oi Bebê! Muito fofo. Essa música eu não gosto. Ah, essa é linda. Afff! Eita, alá o Marcelo de mentira de novo. Tchau, hein??

Nem acredito que tô voltando pro meu carro. Bom, bora pra casa. Só quero dormir e descansar. Ainda tem praticamente uma semana pela frente. Que transito dos infernos. Será que tá acontecendo alguma coisa nessa região? Hey moço do carro da frente, o farol abriu. Pronto já fechou de novo. Eu só quero chegar em casa, minha gente.


“I remember it well there was wet in your hair
I was stood in the stairs and time stopped moving”

terça-feira, 1 de abril de 2014

Kiss Me - Sixpence None The Richer

Aquela semana tinha sido bem puxada pra Ele. Reuniões, relatórios, visita dos pais, compromissos com amigos, aniversário, consulta médica e uma discussão com a vizinha por causa do cachorro dela que passou a noite latindo, parecia que estavam matando o pobre do animal.

Tudo o que Ele queria era acabar a semana. Queria encontrar os amigos, sair pra comer alguma coisa, beber uma cerveja, jogar conversa fora, esticar a noite numa baladinha e dançar até de manhã.

No grupo de conversa do WhatsApp, armou o cenário perfeito. Sairia do escritório mais cedo e passaria em casa para deixar suas coisas. Um banho rápido, uma roupa bacana, um tapa no cabelo muito perfume e pronto. Ele já podia começar a curtir o final de semana.

“Já estou pronto! Vou pedir o taxi e espero vocês no bar” Enviar. “Beleza! Enquanto isso já pego uma mesa pra gente!” Enviar. “Porra! Mas vê se não demora! Odeio ficar no bar sozinho!” Enviar.

Em dez minutos, o taxi já estava na porta do seu prédio e mais 15 ele já entrava no bar pedindo uma mesa pra 6 pessoas, mesmo apenas 3 amigos tendo confirmado a programação que ele sugerira mais cedo.

Não demorou muito para os amigos começarem a chegar. Um balde com 3 cervejas e 4 copos, por favor! Obrigado! Hey, vamos comer alguma coisa? Tô com fome! Essa semana foi puxada. Preciso dar uma despirocada na vida, porque tá punk. Daqui a pouco vou pirar.

Ele, Mauro, Felipe e Caio acabaram pedindo apenas petiscos. Uma taboa de frios e um Mix de Carne na Chapa. Tudo estava tão bom e eles com tanta fome, que acabaram pedindo mais um de cada. A cerveja não faltou. Mal abriam a última garrafa do balde e já pediam mais três.

Os celulares não paravam de tocar. A cada novo pedido feito, um dos meninos tirava uma foto e postava no grupo. Todos riam e comentavam a falta do outros integrantes. Queriam que todos estivessem juntos. Achavam que com as fotos, os outros meninos podiam ficar com vontade e acabar aparecendo no bar.

Algumas fotos e mensagens depois, Felipe foi ao banheiro. Longe dos meninos, pegou o celular do bolso. WhatsApp. Contatos. André. “Poxa, jurava que você fosse aparecer aqui!” Enviar. “Ah, não precisa ir pra balada com a gente. Só passa aqui no bar, toma um cerveja e pronto! Não custa, vai?” Enviar. “Ebaaa... Tá! Vou voltar pro bar.” Enviar.

Todos da mesa comentaram e riram da demora de Felipe no banheiro. Devia estar fazendo número dois. Rio o Caio. Ou foi fazer banheirão. Falou o Mauro. Ele riu e comentou como era mais fácil e vida dos gays nesse sentido. Uai, porque não experimenta. Se quiser, a gente pode ir lá no banheiro pra você ver como funciona, disse o Mauro.

Caio e Felipe se levantaram para ir fumar. Enquanto estavam na porta do bar, Caio abre os braços e solta um sonoro “Não acredito que ele veio”. Felipe olha pra trás e abre o seu melhor sorriso. André acabara de chegar. Camiseta polo, calça jeans, sapatênis, cabelo arrumado e muito perfumado. Qual a balada hoje?

Os três entraram no bar. Ele e Mauro não acreditaram no que viram. O mais preguiçoso do grupo estava diante deles, todo arrumadinho, pronto pra balada. Mais três cervejas e um copo, por favor!

André acompanha os meninos na cerveja. Como estava em casa, já tinha comido, estava sem fome. Já está quase na hora de ir pra balada. Todos começam a se arrumar. Ele pede a conta. André se levanta para ir ao banheiro e é seguido por Felipe. Meu, nem acredito que você veio mesmo. Ué, você me pediu pra vir e eu vim. André ganhou um belo beijo de Felipe. A noite prometia ser fantástica.

“Silver moon's sparkling
So kiss me...”