terça-feira, 22 de abril de 2014

Destinos - Sandy & Júnior

Carla estava se sentindo super triste naquele dia. Os pensamentos estavam longe, o coração estava apertado, nada a animava. O filme na TV estava chato, a música desanimada, a internet um porre. Nem conversar com os amigos estava valendo a pena. Todos os seus pensamentos estavam a metros de distância.

A vontade dela era simplesmente arrumar as malas, correr para o aeroporto e pegar o primeiro voo pro primeiro lugar que aparecesse e ficar por lá tempo suficiente para que todas as pessoas do mundo esquecessem de sua existência. Ela queria fugir de tudo e de todos. Queria tentar recomeçar, só não sabia o que recomeçar. Ela tinha certeza que mesmo entrando em um avião qualquer e chegando a uma cidade diferente, todos os seus sentimentos iriam embarcar com ela e viveriam com ela mais um bom tempo.

O celular tocou e após ler a mensagem, a decisão foi tomada. Mudou de emprego, mudou o cabelo, fez tatuagem, colocou piercing, procurou outro apartamento e trocou de carro. Alguns dias depois já começou a se sentir diferente. Já se sentia outra pessoa. Se sentia um pouco mais viva. Tudo isso se transformou em motivação para mudar ainda mais... queria mudar mais. Precisava.

Dois anos depois, Carla desembarcava em Porto Alegre. Seu novo endereço era bem próximo ao centro da cidade. Fácil de chegar a qualquer lugar. Abriu a mala, trocou sua roupa e foi resolver algumas coisas antes de começar a trabalhar.

Caminhou pela cidade pra comprar tudo novo. Sofá, mesa, geladeira, fogão, cama, tudo! TUDO NOVO. Não queria nada que fosse parecido com o que tinha em seu apartamento em São Paulo. Aquela vida tinha ficado pra trás.

Saindo da loja, parou para comer. Estava cansada e faminta. Só pensava em comer alguma coisa, chegar em casa e se jogar no colchonete que tinha acabado de comprar e seria sua cama até que todos os móveis fossem entregues.

Um sanduiche de frango e um suco de laranja. O cansaço era tanto que não conseguia comer. Metade do sanduiche foi embalado pra viagem. Ufa! Ela pensou. Agora é só ir pra casa dormir.

Na esquina da lanchonete, em frente a um hotel, um carro para. 
Carla paga a conta e sai toda atrapalhada carregando sua cama provisória. 
O motorista do carro retira do porta-malas sua bagagem e o fecha. Carla atravessa a rua. 
O motorista dá a volta no carro e entrega a chave para o manobrista do hotel. 
Carla para pra arrumar o colchonete debaixo do braço. 
O Motorista pega a sua mala e se fira para a rua. 
Carla termina de se arrumar. Está pronta pra ir pra casa. 
O Motorista olha pra Carla e fica paralisado. 
Carla, muito sem querer olha para a porta do hotel. 
O colchão cai no meio da rua. 
Os dois se olham. 
Carla reconhece Paulo. É ele! É ele sim! 
Paulo abaixa o rosto e olha fixamente para o chão. 
Carla pega o colchonete do chão e deixa uma lágrima cair do seu rosto. 
Paulo entra no hotel sem tirar o olhar do chão. 
Carla corre pra casa, se troca, coloca o colchonete no chão, deita e deixar que suas lágrimas lavem seu rosto.

De repente uma saudade absurda invadiu seu coração. Ele estava na cidade! Muito perto dela. Por favor, Deus. De novo não!


"Recomeçar, depois de um tempo tão longe 
Quero ter você perto de mim"

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