Hoje, ao acordar, abri os olhos e olhei fixamente pro teto
do meu apartamento. Fiquei olhando por menos de um minuto, bem menos, uns
quinze segundos no máximo. Me virei pro lado direito e olhei fixamente a parede,
uns 2 ou 3 segundos, e fechei os olhos de novo. Mordi meu lábio e nesse exato
momento, senti como se eu tivesse sentindo o cheiro do seu perfume, o que me
fez abrir os olhos no mesmo instante. Por uma fração de segundos era como se eu não estivesse na minha casa, muito menos na minha cama.
A sua cama é diferente, o colchão é diferente, o travesseiro
é diferente e lá, ah, lá na sua cama tem seu cheiro, tem você, tem minha vontade maluca de te acordar beijando cada parte do teu corpo e tem um desejo enorme de
te fazer sentir desejo por mim, mesmo sabendo que isso está errado.
Na minha cama penso no seu corpo e em como eu já conheço bem
cada canto dele. Não, não era pra eu conhece-lo tão bem, mas estamos falando de
você e o que é que eu não sei de você? Sei tanto, que as vezes eu acho que sei até
sobre as suas mentiras. Vejo e percebo quando o não quer dizer sim, quando o
sim quer dizer não, quando a indiferença quer dizer desejo. As vezes acho que
te conheço mais do que a mim mesmo.
Seu corpo é a estrada que eu queria viajar sem rumo e sem
hora pra chegar. Pra que estabelecer um destino se eu posso perfeitamente me
perder em algum lugar entre sua coxa e seu peito, entre seu peito e seu braço
ou entre seu braço e suas costas? Me perder! Queria me perder e nunca me achar.
Podia me esquecer por lá. Caminhar pela suas pernas e aterrissar em seus pés, voar
pelo seu peito e beijar sua boca ou mergulhar em suas costas e só respirar quando chegar em sua panturrilha.
Como diz a música, juro beijar seu corpo sem descanso como
quem sai sem rumo pra viagem... seu corpo é a viagem que queria viajar, mas o
querer não vale só pra um lado. Se não tem estrada não tem caminhada, se não
tem piscina não tem mergulho, se nada disso existe, também não existe destino,
qualquer que seja ele. Desfaço a mala, escolho minha roupa, tomo um banho, um
café forte, me olho no espelho, é tá bom assim, tenha um bom dia. Em algum
momento entre hoje e amanhã você vai querer escrever sobre isso, faz assim, usa
a música do Paulinho Moska como “Música do Dia”.
“Línguas de Lua varrem tua nuca
Línguas de Sol percorrem tuas ruas...”
Línguas de Sol percorrem tuas ruas...”
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